Segurança alimentar: Mulheres do Fonsanpotma divulgam propostas

Em Porto Alegre, Mulheres discutem propostas para o encontro
 preparatório à 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar
Começou hoje (8/7), em Porto Alegre, o encontro temático Mulher e segurança alimentar, preparatório para 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar, agendada para o período de 3 a 5 de novembro, em Brasília, e terá como tema “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”.  Entre os participantes do evento, estão as integrantes da Coordenação Nacional de Mulheres do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma) ― Regina Nogueira (coordenadora nacional), Mãe Erildes(Porto Alegre), Yá Vera Soares (Rio Grande do Sul) e Mãe Uiara (Bahia). 

As representantes do fórum chegam ao evento com propostas definidas em reunião ocorrida, no último dia 6, na capital gaúcha, que levaram em conta as deliberações do encontro nacional do Fonsanpotma, realizado, em maio deste ano, em Brasília. Elas defendem a necessidade de reconhecimento dos espaços tradicionais de matriz africana ― terreiros ou outras denominações regionais ― como de interesse cultural e como equipamentos do sistema de segurança alimentar e nutricional. 

O grupo sustenta a necessidade de garantir terra para a produção de alimentos cuja produção não implique sofrimento a nenhum ser vivo. Exige o reconhecimento, por meio da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), da família de matriz africana como produtora de alimentos tradicionais. Além dos aspectos nutricionais, a Coordenação de Mulheres do Fonsanpotma coloca-se contra a aprovação da redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, como aprovado pela Câmara dos Deputados, em primeiro turno. Em oposição ao projeto, cobra “garantia de vida” à juventude, herdeira do patrimônio imaterial, dos princípios civilizatórios de matriz africana. Ressalta que todas as crianças e jovens são de responsabilidade da “comunidade” e não só das mulheres. 

No documento divulgado hoje, na etapa preparatória à conferência nacional, as mulheres do Fonsanpotma destacam que os povos tradicionais de matriz africana têm como princípio que “alimentação, além de ser um direito sagrado de todos, é capaz de interligar diretamente humanos e natureza”.

O encontro, em Porto Alegre, é promovido pela Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). De acordo com o ministério, o objetivo é ampliar a participação feminina e “aprofundar o processo de discussão de temas estratégicos para a segurança alimentar e nutricional. A programação inclui o relato de experiências de mulheres do campo, da cidade, das florestas e das águas sobre a produção de alimentos e os desafios enfrentados para garantir renda para as famílias e promover o desenvolvimento sustentável e a alimentação adequada e saudável”. O encontro se estende até amanhã na capital gaúcha.

SAIBA MAIS:
O Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma) foi constituído em 2011 com a missão de lutar pela política de segurança alimentar, a partir da preservação dos princípios civilizatórios de matriz africana. A organização, hoje, com representação e fóruns em 18 unidades da Federação, é regida por carta de princípios em todas suas instâncias ― municipal, estadual, distrital e nacional. A estrutura está apoiada em coordenações nacional, de mulher e de juventude, entendida como diferencial frente às necessidades impostas pelo sistema dominante vigente no país.

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